A advogada Bruna Hollanda anunciou sua renúncia ao cargo de conselheira da OAB-SE (Ordem dos Advogados do Brasil de Sergipe). Semanas antes, ela denunciou um colega de profissão, também conselheiro, pelo crime de estupro em um bloco de Carnaval e não se sentiu acolhida pela seccional do órgão.
Hollanda disse deixar o cargo "profundamente decepcionada e indignada", além de se sentir "desamparada e humilhada" pela gestão da OAB-SE. "Finalizo minha participação profundamente decepcionada e indignada com a postura desrespeitosa, falaciosa, machista e perigosamente astuta. (...) Sou mulher, sou advogada, sou mãe, fui violentada covardemente, sou vítima de estupro, fui dilacerada no corpo, na alma e socialmente (...) Continuei calada e firme aguardando o acolhimento institucional que não tive até hoje", declarou em live nas redes sociais na última segunda-feira (18).
Bruna criticou o fato de a presidente da Comissão de Direito e Defesa da Mulher ter sido instituída como advogada do suposto agressor.
A advogada relatou ter sofrido tentativas de intimidação e de "reversão dos fatos". Segundo contou, houve um "uso ostensivo e ilegal da OAB-SE para defender" o suposto agressor, que é sócio do presidente da seccional, e criticou a Ordem por falar em seu nome e dizer que ela "estava bem", quando, na verdade, não estava.
Hollanda destacou a falta de apoio institucional. "Em nenhum momento foi feita uma campanha de ação institucional de apoio, preservação e acolhimento a mim e à minha família. Mesmo após o avassalador vazamento ilegal do inquérito para a mídia com exposição constrangedora de todas as provas, que incluíam fotos das minhas partes íntimas".
O que diz a OAB-SEEm vídeo no Instagram, a seccional sergipana negou que tenha sido omissa em relação à denúncia feita por Bruna Hollanda. O presidente da OAB-SE, Danniel Costa, afirmou se solidarizar com a vítima nesse "difícil momento que ela está vivendo" e lamentou o fato de ela ter renunciado ao conselho.
A secretária adjunta da seccional, Clara Arlene, afirmou que foram tomadas as medidas possíveis, como o afastamento do suspeito do conselho.
Entenda o caso: O crime teria ocorrido no dia 27 de janeiro, em Aracaju, e o boletim de ocorrência foi registrado em fevereiro. A denúncia veio à tona após na imprensa no dia 20 do mês passado.
Na ocasião, a vítima e o suposto agressor teriam saído juntos de um bloco pré-carnavalesco. O suspeito ofereceu uma carona à Hollanda, que aceitou. No caminho, ele teria alegado que precisaria passar em sua residência e, ao chegar no apartamento, adotou comportamento agressivo, dando um tapa no rosto da vítima e a empurrado, antes de cometer o estupro.
A vítima passou por um ginecologista, que constatou a presença de lesões em sua genitália, além do vírus da herpes, que é uma IST (infecção sexualmente transmissível).
FONTE: Portal Grande Ponto
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