quinta-feira, 4 de abril de 2024

GORDURA NO FÍGADO: Por quê o diagnóstico é tão comum e perigoso? Entenda

A maioria das pessoas, quando faz um check-up, nos deparamos com um diagnóstico de gordura no fígado, tecnicamente conhecida como esteatose hepática. 

O fígado é um dos órgãos mais versáteis de nosso corpo, com funções múltiplas e uma capacidade ímpar de se recuperar de lesões inflamatórias.
Muitas vezes abusamos de comidas gordurosas, alimentos muito condimentados ou mesmo excessos alcoólicos e, ainda assim, nosso fígado se mantém ativo e funcionante. Da mesma forma, o fígado tem o potencial de reconhecer o acúmulo de gordura no sangue e chamar para si a responsabilidade de remover este conteúdo.

Este acúmulo de gordura no fígado é um processo silencioso, pode demorar bastante tempo para dar sintomas e acaba, portanto, causando uma falsa impressão de que tudo está sob absoluto controle.

Para piorar ainda mais, quando se fala em acúmulo de gordura, duas preocupações se sobressaem na mente de um ser humano: estou engordando e posso ter um infarto do coração a qualquer momento. Podemos dizer que o acúmulo de gordura como preocupação estética e como gatilho para um infarto do coração consegue transformar a esteatose hepática em algo de valor secundário.
Como muitos estudos e a própria experiência clínica demonstram que a esteatose hepática não é tão inofensiva quanto parece.

1. Primeiramente, como se faz um diagnóstico de gordura no fígado?
O exame mais adequado para esta finalidade seria o ultrassom de abdome total. Este exame consegue estimar o quanto de gordura está infiltrada no fígado e classificar este acúmulo em discreto, moderado ou importante.

2. Quais os sintomas que o acúmulo de gordura no fígado causa?
Em geral, não sentimos absolutamente nada. Graças à extraordinária capacidade do fígado de se adaptar e se regenerar, o aparecimento de sintomas é lento e tardio. Em algumas circunstâncias muito pontuais, alguns sintomas digestivos podem aparecer.

3. Quais os fatores de risco para este acúmulo de gordura no fígado?
A obesidade, o sedentarismo e o diabetes tipo 2 são fortíssimos gatilhos para o desenvolvimento da esteatose hepática. Em geral, a esteatose hepática é uma condição não relacionada ao alcoolismo.

4. Quais as complicações da esteatose hepática?
As duas complicações mais temidas e mais fatais seriam a cirrose e o câncer de fígado. A cirrose consiste numa mudança importante da estrutura anatômica do fígado, comprometendo o funcionamento regular do órgão.

5. Quais as medidas que podem prevenir este acúmulo de gordura hepática?
Aqui não temos muitas novidades, basicamente seriam as medidas para prevenir ganho de peso e um infarto do coração, ou seja, mudanças no estilo de vida, dieta com restrição de gorduras e açúcares e atividade física regular.

6. Mas não existe um remédio ou uma cirurgia propriamente para resolver esta esteatose?
Muitos estudos estão em andamento na tentativa de identificar um medicamento com efeito direto nesta gordura acumulada no fígado, mas não temos nada comprovado até o momento. O tratamento cirúrgico não é empregado especificamente para a esteatose hepática, pode ser útil em casos de câncer hepático ou em caso de um transplante de fígado. Para o tratamento de obesidade mórbida, também podemos recorrer a cirurgia bariátrica.

7. Fui ao médico e ele me passou alguns produtos para melhorar a função do fígado. Isto melhora a esteatose? Vejam bem, existem produtos naturais que podem melhorar a função do fígado e reduzir o acúmulo de gorduras em vasos sanguíneos e nos órgãos. Isto não significa que sejam produtos capazes de curar a esteatose. Precisa ficar muito claro que uma coisa é ativar as funções naturais do fígado e a o outra é acabar por completo com a gordura acumulada no fígado. A partir deste entendimento, sabemos que alguns produtos como vitamina E, colina, silimarina, metionina e ômega-3 podem exercer este papel auxiliar em prol da qualidade funcional do fígado.

8. Por que devemos melhorar a função intestinal em pessoas com esteatose hepática?
Nosso corpo trabalha com dois mecanismos de eliminação ou excreção --urina e fezes. No caso das gorduras circulantes no sangue ou acumuladas nos órgãos, sabemos que o intestino é predominantemente responsável por esta eliminação. No entanto, nem sempre o intestino trabalha regularmente e isto precisa ser revisto prioritariamente, por meio de uma dieta rica em fibras, hidratação vigorosa, tratamento de processos inflamatórios e utilização criteriosa de probióticos (compostos capazes de equilibrar nossa flora intestinal).

Quando se fala em doenças do fígado, inevitavelmente (e com certa razão) o primeiro ponto que lembramos é o consumo excessivo de álcool. Mas, não se espantem, gordura acumulada no fígado também pode causar os dois problemas hepáticos mais graves —cirrose e câncer.
Esteatose hepática pode começar na infância e está relacionada com obesidade e diabetes. Não existe um remédio milagroso, mas existem estratégias com potencial preventivo e que facilitam o controle do processo, como a mudança dos hábitos alimentares e uma rotina regular de atividades físicas. Gordura acumulada não é inofensiva em nenhuma parte do nosso corpo — tenham este conceito como regra.

FONTE: Portal Grande Ponto


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