Devido a interdição do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) III Leste fechado há quase 1 mês, pela equipe técnica da Vigilância Sanitária de Natal, os pacientes psiquiátricos foram encaminhados nessa quarta-feira (7) para o Ambulatório de Prevenção e Tratamento de Tabagismo, Alcoolismo e Outras Drogas (APTAD) e a Unidade Básica de Saúde de Pirangi com equipe psicossocial especializada. Até essa terça-feira (6), as duas mil pessoas que eram atendidas no Caps estavam sem expectativas de terem os atendimentos médicos necessários.
Segundo a Secretaria de Saúde, a interdição total aconteceu no dia 17 de julho, mas até lá, os pacientes ainda conseguiam ser atendidos para serviços como renovação de receituário, atendimento médico, atenção à crise e acolhimento. O motivo da interdição foi causado pelo estado estrutural do imóvel que estava com mofo. Em nota, a SMS disse que, até o final deste ano, a região Leste da capital vai receber uma sede nova e própria. Os pacientes receberão orientação pela secretaria das respectivas unidades onde serão encaminhados.
Agora, os pacientes psiquiátricos em quadro de urgência e emergência devem ter, como procedimento padrão, o primeiro atendimento nas UPAs de referência para o território em que o usuário reside ou devem procurar o pronto-socorro Hospital dos Pescadores (HOSPESC).
Natal é a capital do Nordeste com maior percentual de pessoas diagnosticadas com depressão com 13,2% junto com Fortaleza, segundo o Ministério da Saúde. Entre os números estão os pacientes Tánia Silva, de 60 anos, e Jair Esmeraldo, de 46 anos, que não recebem atendimento psiquiátrico desde que o Caps foi interditado. Ambos sofrem de ansiedade e depressão, e estavam no local de segunda a sexta, o dia todo.
De acordo com Jair Esmeraldo, que se tratava no Caps há 6 meses, a unidade foi fechada sem nenhum aviso prévio. A última vez que conseguiu ser atendido foi no dia 4 de julho. “A unidade foi encerrando os serviços aos poucos. A cada dia um médico a mais não podia nos atender, até que, após o dia 4 de julho, eu vim e estava fechado totalmente”, afirmou.
Para Jair, os serviços no Caps são essenciais e não podem acabar. Ele foi encaminhado para a unidade pelo Hospital Universitário Onofre Lopes e estava satisfeito com o tratamento que recebia durante os últimos meses que se tratou, mas agora fica preocupado com a rotina que está seguindo sem medicação. “Eu não tenho só depressão e ansiedade, tenho outros problemas de saúde e eu preciso de injeções ou comprimido”, contou.
Tánia Silva, que frequentava a unidade há 10 anos, teve a mesma surpresa quando soube que o Caps não estava mais aberto para atendimento.
De acordo com ela, ficar sem remédios e terapia é um “pesadelo”. Com as mãos trêmulas e o tom de desespero na voz, ela diz que ficar sem medicação a deixa nervosa e sem controle dos movimentos. “Aqui eu tinha a presença dos meus amigos, fazia minha terapia e estava o tempo inteiro realizando alguma atividade, seja dança ou qualquer outra. Agora, todos os dias fico em casa solitária e com a minha cabeça pensando coisas que não devia”, disse.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), afirmou que os pacientes já estão sendo alocados para as novas localidades.
FONTE: Portal Tribuna do Norte
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