Um dos bairros mais antigos e ao mesmo tempo vibrantes da capital potiguar é um cenário onde o movimento nunca para – e que também serviu de fundo para o longa-metragem “O Alecrim e o sonho”. O filme do diretor Valério Fonseca fará uma longa temporada a partir do dia 12 (segunda) por diversos pontos de Natal, em sessões abertas e gratuitas. Até o dia 31/08 serão realizadas exibições em espaços como o Museu da Rampa, Instituto Juvino Barreto, Instituto dos Cegos do RN, Mercado de Petrópolis, entre outros.
Rodado totalmente no bairro do Alecrim, o filme foi um dos 28 avaliados para representar o Brasil no Oscar 2024, na categoria de Melhor Filme Internacional. A obra narra a história de Vicente, um viúvo aposentado que mora no Alecrim. Ao abordar temas como etarismo, amizades e sobrevivência, mostra-se um homem que “vive seus dilemas do cotidiano mesclados com sonhos lúcidos”, trazendo reflexões sobre a vida e as relações humanas.
Segundo o diretor, a escolha do Alecrim como cenário do filme aconteceu a partir de memórias de sua própria infância na região. “Acho cinematográfico, vivo, vibrante. O Alecrim é uma festa de várias culturas, vários sotaques, ambulantes, idosos. E no filme, o bairro ganhou um tom diferente, onírico e musical”, explicou Valério Fonseca.
Além de exibir o seu amado Alecrim em um contexto de ficção, Valério também se alegra pela oportunidade de democratizar uma produção nacional. “Ampliar e fomentar o cinema nordestino também é nossa função. Acabar com esse preconceito que as pessoas têm com o cinema brasileiro, para mim, um dos melhores do mundo”, disse. A mostra foi viabilizada pelo edital da Lei Paulo Gustavo.
O diretor potiguar já teve suas obras exibidas em hospitais, presídios, fachadas de prédios, e também em alguns dos maiores e mais antigos festivais de cinema do mundo. Mas ressaltou que qualquer cineasta “vai ao céu” quando seu filme é visto por muita gente, ainda mais em sua terra. De 5 a 8 de agosto, o filme também será exibido na Mostra Nordeste de Cinema Contemporâneo, em Feira de Santana (BA).
“Fazer um longa é difícil, mas distribuí-lo em um mercado invadido pelos filmes americanos é a etapa mais complicada. Fizemos nosso lançamento espremido entre ‘Barbie’ e outros títulos, então, como forma de superar esse obstáculo, a ideia nessa temporada é levar o cinema ao seu público, tudo gratuito, e priorizando a acessibilidade e a terceira idade”, relatou.
Valério é apaixonado pelo cinema brasileiro desde criança. “Eu vi ‘Boi de Prata’ aos 16 anos e mudou minha vida. Tive a certeza que um garoto potiguar poderia fazer um filme, então também quero ajudar a fortalecer o cinema potiguar que ainda carece de história e raízes. Quem sabe nasçam jovens cineastas que assistam meu filme e os inspire, assim como aconteceu comigo”, declarou.
As sessões do dia 17, no Mercado de Petrópolis e na Redinha, contarão também com a exibição dos curtas “Pegadas de Zila”, um ensaio afetuoso sobre a poesia da potiguar Zila Mamede, estrelado pela atriz Rosamaria Murtinho; e “Zeladores”, fruto de uma oficina de direção ministrada no bairro Golandim, em São Gonçalo do Amarante, uma direção coletiva dos alunos com Valério Fonseca.
Sessões
A primeira exibição de “O Alecrim e o sonho” será segunda (12), no Cinemark, às 20h; dia 15 no Cinemar, Base da Marinha (Alecrim), às 16h, e na Cervejaria Resistência (Ponta Negra), às 20h; dia 16, às 14h30, será no Juvino Barreto. Dia 17 no Mercado de Petrópolis (11h) e na Redinha (18h) no espaço cultural Nossos Valores; dia 31, às 18h, no Bae BioAtelier (Pium).
Já as sessões com acessibilidade ocorrerão nos dias 13, às 16h, no Complexo Cultural Rampa; 21, às 13h30, no Centro de Atendimento ao Surdo (CAS), nas Quintas; e 22, às 8h da manhã, no Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do RN (Alecrim).
FONTE: Portal Tribuna do Norte
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