O futebol também conta histórias que vão além dos gramados, estádios e camisas. Adriano de Souza, um jornalista e poeta “que por coincidência também é abecedista”, revirou os 109 anos de seu time do coração para reuni-los no livro “O Mais Querido: uma história do ABC Futebol Clube (1915-2023)”, que será lançado no dia 15 (quinta), às 17h, no bar 294, em Petrópolis. Na obra, ele entra em campo para oferecer uma visão mais abrangente da trajetória do clube potiguar, seguindo um fio cronológico desde a fundação.
Antes de tudo, Adriano ressalta que seu livro foge do mero “clubismo”. “Não é oficial, nem institucional, nem se dedica ao mero enaltecimento do ABC. É o trabalho de um jornalista que, por coincidência, é abecedista, mas não deixa a simpatia clubística ditar o texto”, afirma. Segundo ele, o livro dá conta da grandeza do clube, enumerando suas conquistas, mas também evidencia as deficiências estruturais dos clubes e do futebol potiguar em geral.
O livro corrige informações sobre fatos, datas e nomes envolvidos na fundação e na primeira infância do ABC, e que foram criadas ou propagadas erroneamente até mesmo em publicações do clube. Além disso, amplia o repertório sobre o clube e o futebol potiguar em geral, acrescentando novas fontes àquelas usualmente utilizadas.
Novas fontes
Adriano conta que adicionou novas fontes àquelas já tradicionais, como jornais, arquivos públicos e privados, e personagens históricas. “Percebi que há uma certa preguiça em buscar fontes alternativas a essas tradicionais, o que significa restringir a importância do futebol no sentido antropológico”, diz.
Para sair do lugar-comum o jornalista procurou outros materiais de pesquisa, como livros de memórias de esportistas, políticos e empresários, biografias, obras literárias, anuários, história de entidades, e instituições públicas ou privadas.
A pesquisa identificou a presença dos esportes em geral, do futebol e/ou do ABC em textos de Jorge Fernandes, Câmara Cascudo, Veríssimo de Melo, Esmeraldo Siqueira, Oswaldo Lamartine, Sanderson Negreiros, Alex Nascimento, Moacyr de Góes, Polycarpo Feitosa, e Jaime dos Guimarães Wanderley.
“O Mais Querido”, segundo o autor, oferece algo mais do que as publicações anteriores sobre o ABC, entre livros, plaquetes, almanaques, revistas institucionais ou jornalísticas e coleções de fascículos. Segundo ele, todas têm em comum o fato de se deterem sobre aspectos específicos da história do clube – personagens, lugares, eventos, datas – mas sem a intenção de apresentar algo mais profundo.
Adriano ressalta que seu lado jornalista se sobrepôs ao de torcedor, e que qualquer um que aprecie história pode ler seu livro, independente de time. “Quem gosta da história do futebol e do esporte no RN, ou da história geral da cidade e do estado, encontrará muito o que ler no meu livro, porque ele evita a armadilha de enxergar a história do ABC como algo que existe no vácuo ou numa bolha, sem vínculo com a história do tempo e do espaço em que ele existe”, explica.
O jornalista acredita que ainda há uma certa resistência no Brasil em reconhecer no futebol um tema de estudos acadêmicos ou de criação artística. “A bibliografia publicada é desproporcional à centralidade que o tema deveria ter em função de sua relevância para a compreensão da brasilidade em muitos campos”, afirma. Adriano ressalta que seu livro também é um gesto modesto, minúsculo, de jornalista e de poeta que gosta de futebol, contra essa visão limitante.
FONTE: Portal Tribuna do Norte
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